É incrível como sinto a vida que me foge... ao mesmo tempo que me foge, parece estagnar... foge de uma forma estagnadora, se é que tal forma existe... esta vida que se lembra, de quando a quando, de me palpitar nas veias, mas que de quando a quando, se deixa pairar e adormecer. Os últimos meses foram passando e parece que estão tão longe... quando voltam laivos dessas alturas em que não pensava em todas as possibilidades, a sua memoria é de tal forma exasperante, que se me enrola o estômago. A ansiedade tem sido minha companheira dos dias que passam... e passam... e passam... e passam...
Já não deixava, por teimosia, que as lágrimas me invadissem o espaço há algum tempo. Teimaram em voltar, impuseram a sua vontade e eu deixei-as estar. Sabe bem deixar sair o medo de tudo pelo canto dos olhos que se demoram a olhar, a explorar o vazio.
Hoje escrevo, porque não cabe mais nada no meu coração... porque antes, dizia que era tão grande que cabiam muitas pessoas nele, mas agora digo que é pequeno demais para tanto circulo, poeira e vento...
Já não consigo acreditar... já não acredito em sentimentos puros, verdadeiros, bem intencionados, calmos e confortantes... tudo é desencontro, conflito, retracção, solidão, afastamento... Muito menos acredito já em amor que se vive para sempre... será que o amor existe verdadeiramente? E se existe, porque me desencontro tanto, eu, dele?
Sinto o meu coração fechado a vácuo, com uma daquelas aberturas supostamente fáceis, mas que temos de ir buscar uma faca para as abrir... no fundo o fácil acaba por se tornar tão difícil por não se ter jeito para a abrir... porque dá tanto trabalho que fica para outro dia mais faminto... e quem consegue abrir de forma fácil, facilmente come só uma fatia e deixa o resto para quando tiver necessidade de confortar o estômago.
São tristes os dias que passam... São confusos os dias que passam, porque passam e não consigo agarrá-los... e ordená-los... e acalmá-los...
Tenho saudades... muitas... de me sentir feliz!!!
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