Cadernos de Anotar a Vida ...ou retalhos de uma vida que passa...

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Localização: Lisbon, Portugal

sábado, julho 28, 2007

Sinto as entranhas a esvairem-se... Nesta casa faz calor e está vazia... Acho que nunca mais vou conseguir para de sangrar... O Rei Sol e a Princesa Lua eludiram-me... nunca me avisaram da minha ausencia. Nunca me apercebi que pudesse ser assim... transformei-me em algo que nem eu reconheço, que não quero ser... Provávelmente agora é tarde demais para voltar atras... mas sinto-me dilacerada... tão sozinha... A mansão branca e dourada precisa de uma pintura nova, contudo nunca mais será de um branco tão branco como foi... de um dourado tão brilhante e relusente como foi... Provávelmente a mansão nunca mais sairá da escuridão dos dias que decorrem devagar, em que o tempo demora a passar, em que a ausencia do teu amor se transforma num corvo agoirento que anuncia docemente e caritativamente a minha morte...

sexta-feira, julho 20, 2007


Fiquei a pensar, outro dia, naquilo que meu avô deverá ter sentido quando a minha avó faleceu. Como é que se consegue vencer a solidão, depois de se estar habituado a ter pessoas à volta! O que se faz para o tempo passar? A maioria das pessoas na sociedade actual, parece estar perfeitamente à vontade com esse ser, que para mim é deveras aterrador. Não sei estar sozinha... aterra-me o facto de cozinhar só para mim... Faz-me sempre pensar em quando era mais nova. Na minha casa cheia de irmãos, onde sempre andávamos às turras uns com os outros; nos natais na casa dos avós maternos, onde em grande secretismo e conluiu com a minha irmã abria algumas prendas antes da meia-noite; na companhia que os meus pais me davam, sempre com tanta brincadeira, com tanto amor, com tanto carinho e afecto; na primeira casa que tive quando vim para Lisboa, onde iamos jantar a uma cantina todos juntos para que ninguem tivesse que jantar sozinho; na casa do Bairro Alto, onde já nem havia chão para tanta gente... Nesse tempo, nunca dei valor ao facto de estar rodeada de pessoas... Os afectos da companhia são uma coisa estranha, uma coisa que se entranha... Como pode uma pessoa que sempre viveu rodeada de outras tantas, sobreviver sozinha?? O verdadeiro problema das coisas é a rotina que se injecta nas nossas vidas, que faz com que sintamos falta dela, da presença constante dos outros... mas que ao mesmo tempo nos aborrece de morte e nos tira a magia das coisas... Nunca aprendi a estar sozinha... Tal como o frio, a solidão será psicologica??!!


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