Cadernos de Anotar a Vida ...ou retalhos de uma vida que passa...

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Localização: Lisbon, Portugal

sábado, janeiro 19, 2008

É incrível como sinto a vida que me foge... ao mesmo tempo que me foge, parece estagnar... foge de uma forma estagnadora, se é que tal forma existe... esta vida que se lembra, de quando a quando, de me palpitar nas veias, mas que de quando a quando, se deixa pairar e adormecer. Os últimos meses foram passando e parece que estão tão longe... quando voltam laivos dessas alturas em que não pensava em todas as possibilidades, a sua memoria é de tal forma exasperante, que se me enrola o estômago. A ansiedade tem sido minha companheira dos dias que passam... e passam... e passam... e passam...
Já não deixava, por teimosia, que as lágrimas me invadissem o espaço há algum tempo. Teimaram em voltar, impuseram a sua vontade e eu deixei-as estar. Sabe bem deixar sair o medo de tudo pelo canto dos olhos que se demoram a olhar, a explorar o vazio.
Hoje escrevo, porque não cabe mais nada no meu coração... porque antes, dizia que era tão grande que cabiam muitas pessoas nele, mas agora digo que é pequeno demais para tanto circulo, poeira e vento...
Já não consigo acreditar... já não acredito em sentimentos puros, verdadeiros, bem intencionados, calmos e confortantes... tudo é desencontro, conflito, retracção, solidão, afastamento... Muito menos acredito já em amor que se vive para sempre... será que o amor existe verdadeiramente? E se existe, porque me desencontro tanto, eu, dele?
Sinto o meu coração fechado a vácuo, com uma daquelas aberturas supostamente fáceis, mas que temos de ir buscar uma faca para as abrir... no fundo o fácil acaba por se tornar tão difícil por não se ter jeito para a abrir... porque dá tanto trabalho que fica para outro dia mais faminto... e quem consegue abrir de forma fácil, facilmente come só uma fatia e deixa o resto para quando tiver necessidade de confortar o estômago.
São tristes os dias que passam... São confusos os dias que passam, porque passam e não consigo agarrá-los... e ordená-los... e acalmá-los...
Tenho saudades... muitas... de me sentir feliz!!!

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quarta-feira, agosto 01, 2007

Nunca pensamos que somos egoistas! São sempre os outros que não fazem aquilo que esperamos... quando nos questionamos verdadeiramente e entendemos que, afinal, esse egoismo é nosso, pode ser já tarde demais!! As coisas morrem se não olhármos por elas... desvanessem... desfazem-se... Sinto, verdadeira e dolorosamente, que és a minha vida... que posso enriquecer a tua muito mais... O controlo que tenho de exercer na minha mente para não vomitar porcaria e destroços perdidos é muita... Queria abanar-te e sentir que nada foi em vão... que acordavas desse transe profundo em que te encontras e que me magoa tanto... tanto... Ou acordar eu do meu... Na realidade só queria sentir-me de novo segura em teus braços... partilhar os momentos contigo... sentir-te meu, outra vez... Essa parece-me ser a ordem natural das coisas... Ter-te juntinho a mim... Poder segurar-te nos meus braços, como dantes, como sempre... O meu egoismo transformou-te em areia branca e fina que passa a correr por entre os meus dedos e me dilacera o coração!!!

sábado, julho 28, 2007

Sinto as entranhas a esvairem-se... Nesta casa faz calor e está vazia... Acho que nunca mais vou conseguir para de sangrar... O Rei Sol e a Princesa Lua eludiram-me... nunca me avisaram da minha ausencia. Nunca me apercebi que pudesse ser assim... transformei-me em algo que nem eu reconheço, que não quero ser... Provávelmente agora é tarde demais para voltar atras... mas sinto-me dilacerada... tão sozinha... A mansão branca e dourada precisa de uma pintura nova, contudo nunca mais será de um branco tão branco como foi... de um dourado tão brilhante e relusente como foi... Provávelmente a mansão nunca mais sairá da escuridão dos dias que decorrem devagar, em que o tempo demora a passar, em que a ausencia do teu amor se transforma num corvo agoirento que anuncia docemente e caritativamente a minha morte...

sexta-feira, julho 20, 2007


Fiquei a pensar, outro dia, naquilo que meu avô deverá ter sentido quando a minha avó faleceu. Como é que se consegue vencer a solidão, depois de se estar habituado a ter pessoas à volta! O que se faz para o tempo passar? A maioria das pessoas na sociedade actual, parece estar perfeitamente à vontade com esse ser, que para mim é deveras aterrador. Não sei estar sozinha... aterra-me o facto de cozinhar só para mim... Faz-me sempre pensar em quando era mais nova. Na minha casa cheia de irmãos, onde sempre andávamos às turras uns com os outros; nos natais na casa dos avós maternos, onde em grande secretismo e conluiu com a minha irmã abria algumas prendas antes da meia-noite; na companhia que os meus pais me davam, sempre com tanta brincadeira, com tanto amor, com tanto carinho e afecto; na primeira casa que tive quando vim para Lisboa, onde iamos jantar a uma cantina todos juntos para que ninguem tivesse que jantar sozinho; na casa do Bairro Alto, onde já nem havia chão para tanta gente... Nesse tempo, nunca dei valor ao facto de estar rodeada de pessoas... Os afectos da companhia são uma coisa estranha, uma coisa que se entranha... Como pode uma pessoa que sempre viveu rodeada de outras tantas, sobreviver sozinha?? O verdadeiro problema das coisas é a rotina que se injecta nas nossas vidas, que faz com que sintamos falta dela, da presença constante dos outros... mas que ao mesmo tempo nos aborrece de morte e nos tira a magia das coisas... Nunca aprendi a estar sozinha... Tal como o frio, a solidão será psicologica??!!


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sexta-feira, junho 22, 2007


Não consigo pensar quando estou contigo. Tu és como eu, desejando um momento perfeito, mas nada que seja imaginado durante muito tempo, pode ser perfeito de uma forma mundana.

Anais Nin
em Henry and June



As Sereias de Gustav Klimt retiradas de
http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://i15.photobucket.com/albums/a398/Eusapia/Stuff/KlimtSereiasI.jpg&imgrefurl=http://forum.moonspell.com/viewtopic.php%3Fp%3D196400%26sid%3Db8e260a9a5beef1031c918e4ff999c95&h=171&w=448&sz=27&hl=pt-PT&start=205&sig2=OYy08Sv86fPF5SQIUM_2vA&tbnid=PTKmxfjeZkMGaM:&tbnh=48&tbnw=127&ei=OP96RsalH5eC_ALCzd3oBQ&prev=/images%3Fq%3Dklimt%26start%3D200%26gbv%3D2%26ndsp%3D20%26svnum%3D10%26hl%3Dpt-PT%26client%3Dfirefox-a%26channel%3Ds%26rls%3Dorg.mozilla:en-US:official%26sa%3DN

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sexta-feira, agosto 04, 2006

Diferenças??!!




Levo cerca de 30 a 60 mn, enclausurada num autocarro estrangulador, com os meus e as minhas colegas de trabalho. Tenho a feliz e interessante possibilidade de @s ir conhecendo um pouco mais prounda e intimamente todos os dias.

Com certeza que a uma primeira impressão, somos tod@s completamente diferentes... Temos gostos distintos... Maneiras de encarar a vida distintas... Formas de nos vestirmos distintas... enfim... Somos tod@s completamente distint@s!

Contudo, aprendi que no que toca a relações amorosas... Somos muito, senão completamente, iguais! Não na forma como aceitamos... Não na forma como oferecemos... Mas sim nos erros que cometemos... Nas reações, que ainda que algumas vezes distintas, muitas vezes as mesmas... Na forma como o nosso par amoroso reage em muitas das situações...
Há muitos anos, no dia 27 de Abril do ano de 1999, escrevi:

É sempre assim quando se espera por alguém... não aparece, não surpreende...
Os seres da não subtileza andaram todos na mesma escola onde lhes ensimaram a fazer o mesmo, sempre o mesmo.
Poerque terá de ser sempre assim?
Porque será que não há pelo menos um que tenha fugido às aulas, que tenha aprendido por si.
É sempre assim quando se espera por alguém...

Naquela altura referia-me a uma pessoa em especial, envolta num sentimento especial, numa busca que considerava especial...

Hoje, depois de analisar aquilo que escrevi, penso que alguns faltaram a uma ou duas aulas, felizmente, mas que continuamos sempre há espera... Ainda que já não por uma pessoa especial... se tivermos sorte, esperamos pela pessoa especial, que já está connosco... na grande maioria das vezes... porque pura e simplesmente o tédio, esse tão grande inimigo nefasto na vida das pessoas e especialmente na vida das pessoas que mais são activas, nos assola e bate à porta...

Quando a abres, abres um mundo sem fim de confusão e de pedidos de atenção... Entediantes... Incompreendidos... Dissimulados... que finalmente se tornam atendidos...

As pessoas são assim... têm mundos extremamente partilhados como o são também escondidos... solitários...

E tudo isto se pode aprender e pensar numa simples viagem de autocarro para o já tão entediante e estrangulador trabalho...



(
pintura de manuela pinheiro "solidão em bola de balão" in fadoepoesia.blogspot.com )

sexta-feira, julho 28, 2006




... Eu não tinha nada para oferecer a ninguém, tirando a minha própria confusão.



Jack Kerouac in Pela Estrada Fora

(pintura de Edward Hopper retirada de www.famousartreproductions.com/chopsuey.htm )



... e uns olhos tão bonitos profetizam e anunciam certamente a mais bela das almas.

Jack Kerouac in Pela Estrada Fora

Insegurança



A minha insegurança consegue, pouco a pouco, destruir-me... Minar o meu acanhado e disforme cérebro...
Ás vezes, o mundo e as coisas que me rodeiam, parecem perder a côr... vão ficando desbotadas e desfocadas... quanto mais insegura me sinto, mais lentamente elas se desbotam... quanto mais se desbotam, mais as consigo ir destruindo... Acaba por ser um círculo vicioso que se vai tornando mais denso, mais dificil de destinguir da realidade, daquilo que na realidade está a acontecer...

Sem dúvida... eu sou a minha pior inimiga e das coisas que me rodeiam...

(imagem retirada de obrilhodosteusolhos.blogspot.com)

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